MOSCOU - Passado o susto, os russos começam a recuperação dos estragos causados pela explosão de um meteoro, a cerca de 50 quilômetros de altitude, sobre uma área dos Montes Urais. O trabalho de recuperação das edificações afetadas pela explosão do meteoro de sexta-feira já começou na região de Chelyabink, informou o ministro de Emergência da Rússia, Vladimir Puchkov. Há 1.200 feridos (200 deles, crianças) e se estima que as perdam tenham chegado a 1 bilhão de rublos (R$ 65 milhões).
Puchkov disse que a prioridade continua sendo a recuperação dos edifícios socialmente significativos, como escolas e centros médicos.
— Atualmente, a situação na região de Chelyabinsk é estável. Não estamos tendo problemas de energia, transporte e comunicações — declarou o ministro russo.
Cem mil pessoas foram afetadas
Aproximadamente 100 mil proprietários de imóveis foram afetados pelos destroços do meteoro, pequenos meteoritos. Segundo o governador de Chelyabinsk, Mikhail Yurevich, durante a semana todos os vidros serão recuperados, com exceção de alguns vitrais de edifícios construídos durante a era soviética.
— O processo completo não levará mais do que duas semanas — declarou Yurevich.
O Centro de Emergência Regional informou que pelo menos 200 mil metros quadrados de vidro foram quebrados devido às explosões, atingindo 3,5 mil casas, 671 instituições de ensino, 69 centros culturais, 11 instalações médicas e militares e cinco complexos esportivos.
Especialistas investigam diversas áreas da região de Chelyabinsk em busca de evidências materiais do meteorito, mas até a tarde de sábado nenhum fragmento havia sido encontrado.
Um dos prováveis lugares para a queda dos detritos do meteorito é o Lago Chebarkul, onde a mídia local assegura ter visto sinais de queda de um objeto. No entanto, o ministro Puchkov prefere ser cauteloso:
— Há três locais onde as buscam estão concentradas, mas não podemos afirmar nada ainda de conclusivo.
A polícia disse que uma cratera de oito metros de largura tinha sido descoberta perto do lago. Os níveis de radiação em torno da cratera foram relatados como normais.
Irina Rossius, porta-voz do Ministério de Emergências russo, disse no sábado que um grupo de seis mergulhadores está se preparando para mergulhar no Lago Chebarkul para procurar fragmentos de meteoritos. O mergulho está previsto para durar cerca de quatro horas.
O ministro agradeceu aos moradores da região de Chelyabink pelo “autocontrole, paciência e tranquilidade” demonstrados nesta situação.
No início da tarde do último sábado, a agência espacial russa, Roscosmos, confirmou apenas que um meteoro cruzou a atmosfera terrestre e se fragmentou em inúmeras partes. Devido aos danos causados, havia sido lançada a hipótese de que poderem ter sido vários meteoros.
O governador Mikhail Yurevich informou que as pessoas afetadas serão indenizadas, mas a polícia local revelou ontem que alguns moradores que vivem nas imediações da queda dos fragmentos de meteoritos estavam quebrando suas janelas, para que posteriormente pudessem receber uma indenização. Mas Yurevich negou à imprensa que haveria pessoas agindo de má-fé.
Os novos cálculos do impacto do meteorito apontam que objeto era maior do que se imaginava e que a explosão foi mais forte do que informaram as primeiras fontes consultadas. A força da explosão pode ter sido equivalente a 30 vezes o poder das bombas nucleares lançadas em Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial.
A explosão foi tão forte que foi detectada por 11 das 45 estações da Organização do Tratado de Interdição Completa de Testes Nucleares (CTBTO), a rede projetada para monitorar explosões atômicas em todo o planeta. Porém, a maior parte da energia foi absorvida pela atmosfera. De acordo com o Ministério da Saúde da Rússia, 51 pessoas estão hospitalizadas, mas nenhuma apresenta risco de morte. Dois pacientes estão em estado grave, mas apresentam sinais de melhora.
— Eventos desta magnitude podem ocorrer, em média, uma vez a cada cem anos — explicou Paul Chodas, cientista da NASA.
Fonte: http://oglobo.globo.com/ciencia/meteoro-na-russia-causa-prejuizo-de-65-milhoes-7597754